Eis a voz do meu amado. Ele aí vem, transpondo as montanhas, saltando as colinas. O meu amado é semelhante a um gamo ou a uma cria de gazela. Ei-lo por detrás dos nossos muros a olhar pela janela, a espreitar através das grades.
O meu amado ergue a voz e diz-me: "Levanta-te minha amada, minha bela vem para mim, pois o inverno já acabou. A chuva passou de vez e já despontam flores na terra. Chegou o tempo das canções e ouve-se na nossa terra a voz da rola. A figueira brota seus frutos e a vinha florida exala perfume. Levanta-te minha amada, formosa minha, e vem. Minha pomba, nos vãos do rochedo, na fenda dos barrancos, deixa-me ver a tua face, deixa-me ouvir a tua voz, pois a tua voz é doce e a tua face grata."
O meu amado é para mim e eu sou para ele.