Sim, bastante, mas não tanto como das outras vezes.
O meu partido perdeu, não foi a primeira vez, não há-de ser a última.
Ando metida na polÃtica desde que nasci, desde que me conheço, campanha eleitoral, trabalho de rua, conversas com populares, já participei em vitórias e em derrotas.
Mas desta vez o que me incomoda verdadeiramente é o meu futuro. Estou muito mais preocupada com o meu futuro, ou seja, o meu emprego, as minhas perspectivas pessoais e profissionais, do que chateada com o facto de ter perdido.
É engraçado que nunca anteriormente tinha pensado tanto em questões como o meu possÃvel (não) aumento, a possÃvel (não) progressão na carreira, a possibilidade da (não) reforma, o futuro dos filhos (que ainda não tenho), o que vai ser do futuro deste paÃs?
Quando digo que o meu futuro me preocupa bastante quero dizer que o futuro de todos nós me preocupa bastante, porque meus amigos, como costumo muito friamente dizer, quando eu estiver a sentir dificuldades mais de metade do paÃs já morreu à fome.
Custa-me ver o rumo que estamos a tomar.
Vamos continuar a ser o paÃs dos funcionários públicos pagos com o dinheirinho de todos nós que não trabalham, não se esforçam, eficiência? mérito? o que é isso? dos doidos nas estradas, sem um pingo de educação e civismo que matam e muitas vezes pior, não matam mas marcam, respeito? civismo? o que é isso? do olha para o lado, que a minha vida é passear no shooping ao domingo à tarde, nada de me envolver com as causas sociais, nada de participar, dar o meu contributo, o problema não é meu, responsabilidade social? o que é isso? dos deixa-me fazer de conta que trabalho porque são quase 18h e pouso a caneta e rumo a casa, produtividade? o que é isso?
[não se esforcem a ficar ofendidos, a ideia não é ofender, a ideia é simplesmente transmitir aquilo que verdadeiramente sinto]