- Não queres que interprete? Como é que não queres que interprete?
- Sim, eu sei que te lembras de mim.
- É verdade, sei que te preocupas comigo. Sei que sentes a minha falta de vez em quando, naquelas pequenas coisas, naqueles pequenos silêncios. Mas sabes? Não pode ser.
- Eu sei que só queres continuar a amizade.
- Sim, eu sei.
- Mas já te expliquei por escrito, não foi?
- Eu sei que leste.
- Então não é fácil compreender? Não estava tudo muito bem explicadinho? Com tudo o que sinto neste momento não posso ser tua amiga, simplesmente não posso.
- Não faças essa cara.
- Tenta compreender que me magoo. Tenta compreender que tens de pesar muito bem tudo que sentes por mim.
- Sim, já pesaste uma vez, eu sei. E que tal pesares de novo? Pensares com mais calma na facilidade com que me abres o teu mundo sempre que meto conversa contigo?
- Não percebes? Eu explico.
- A facilidade e o prazer com que falas comigo. Como é simples começar logo a contar que dormiste mal, a confusão de sonhos que tens.
- Sinto muito a tua falta meu querido, tenho principalmente saudades do futuro que não vamos ter juntos.
- Vá, muda lá de cara, afinal tudo está como tu queres.
- Não? Como não?
- Está tudo exactamente como tu queres. Afastados.