Há momentos em que é impossÃvel beijar - falo dos beijos a sério - sem moder o lábio inferior do interlocutor. Quando isto acontece é porque o beijo já não basta, nele se inscreve o prenúncio de algo deveras substancial.
Quem morde o lábio inferior de outrem não beija, antes faz cessar beijo para ensaiar um querer, para estender a economia derridiana do signo escrito como quem diz: quero-te (por vezes empregue como sinónimo de amo-te).
Há quem não perceba estas subtilezas e dê o seu lábio a morder como se uma tal "técnica do corpo" fosse uma mera variação do modo de ser do desejo. Nada mais errado.
Aquele que morde em primeiro lugar baixa a guarda por devoção. Pessoas há que nunca encontraram um lábio que merecesse ser mordido.