Vinha eu na autoestrada em direcção ao Porto (na minha primeira viagem de longo curso sossinha) depois de um dia de trabalho na capital a ouvir a TSF.
Anunciam uma entrevista com Duarte Lima a propósito de um concerto que devia acontecer nessa noite organizado pela Associação Portuguesa Contra a Leucemia (concerto a que tinha muita pena de não puder ir, principalmente quando estive lá tão perto, quem mora no Porto sabe como isto é, tantos concertos na capital e nós tão longe).
Vim então a ouvir o Duarte Lima contar a sua experiência e como tinha tido a sorte de ter um irmão (se a memória não me falha) compativel. E como em paises estrangeiros já existiam bancos de medula, um dos objectivos a que a Associação Portuguesa Contra a Leucemia se propunha. Depois explicou de uma forma muito fácil como era feito o transplante de medula, quase sem incomodos para o dador, sem incomodos mesmo se pensarmos que estamos a salvar uma vida.
A entrevista acabou e eu continuei a viagem a pensar no assunto. Porque raio havia de morrer gente se cada um de nós sem esforço pode ter a solução para salvar uma vida?? Salvar uma criança!?! Salvar uma mãe ou um pai!?!?
Este foi o principio, depois recebi um mail de uma colega, mas não era uma daquelas chain letters, era de um fornecedor da empresa (que eu não conhecia) e que dizia o seguinte:
Todos vós , tal como eu , já receberam um dia mails a pedir ajuda para diversos fins... encontrar alguém desaparecido , pedidos de informações sobre curas de doenças , etc..., mas estava eu bem longe de um dia necessitar também de fazer um apelo desta natureza.
A minha filha Inês de dez anos , necessita urgentemente de fazer um transplante de medúla óssea , pelo que é necessário encontrar alguém que seja compatÃvel com a Inês a nivel de glóbulos brancos do sangue.
E a história da Inês tocou-me, fiquei a pensar que não podia deixar de ajudar, afinal era tão fácil tentar acabar com o sofrimento da Inês e dos seus pais!
Mergulhei na net procurei toda a informação, li tudo no CEDACE e na Associação Portuguesa Contra a Leucemia.
Tive que tentar não pensar no meu pânico com as agulhas, afinal não ia custar nada, era como ir tirar sangue.
Liguei para o Centro de Histocompatibilidade do Norte (22.5573470 no Hospital de S.João) e fui super-bem atendida, como já tinha o formulário pediram-me para o preencher e enviar por fax (22.5501101), foi o que fiz.
E passado nem 15 dias recebo o telefonema para passar no Centro de Histocompatibilidade do Norte a qualquer hora entre as 9h e as 17h, passei por lá, não perdi mais do que 10 minutos e ainda me quiseram dar um atestado de presença para entregar no escritório!
Fui muito bem recebida por profissionais simpáticos e atenciosos, e saà com o sentimento do dever cumprido, a pensar:
É só isto?! Como é que não há mais pessoas a fazer o mesmo?? Não custa nada e pudemos salvar uma vida!